O tema veio à discussão por conta de questões típicas de qualquer um e de qualquer família . Melhor dar porque não ficamos com uma sensação de dívida eterna .
Esta seria uma possibilidade, pois quem recebe pode carregar sempre a carga de dívida, ou o constrangimento de só ter chegado até ali ou alcançado tal feito por conta de algo que recebeu de alguem . E como se isso fosse incorreto, ou injusto, ou ainda desmerecesse o atingimento da meta ou do resultado ou um simples estado de ser ou estar .
Mas há quem receba sem se importar com isso e se sente muito bem. Receber é natural. Porque sentir culpa ? OK ! Mas se existe o sentimento de reconhecimento e de gratidão esta troca de sentimentos liberta e permite, sim, não sentir estar em dívida pois entendeu que quem deu, deu porque é solidário, ama, tem compaixão ou mesmo se sente responsável em ajudar de alguma forma. Neste caso imediatamente lembramos das relações de pais e filhos por exemplo, ou de Madre Tereza de Calcutá e seus próximos!
Ao estender as relações para um 2o ou 3o grau voltamos ao impasse acima citado. É comum nos sentirmos em dívida, portanto constrangidos de alguma forma. Mais fácil não acontecer com pessoas sem relações de parentesco.
A recíproca tambem é verdadeira . Quantos casos conhecemos de que quem deu e ajudou entende que o outro deve alguma coisa? Deu mas espera algo em troca . Algo mais tangível do que um obrigado sincero. Algum retorno futuro.
Felizmente não é só assim que acontece. Existem muitos que dão , ajudam sem querer nada em troca realmente.
Entendo que esta é a única forma de dar algo a alguem! É o dar sem qualquer pretenção de receber reconhecimento , ou mérito ou consideração especial por isso. Caso contrário a expectativa quase sempre frustrada fará da experiência de dar uma fonte de mágoas , de frustração , de decepção , provavelmente injustas tambem. Tão injustas quanto quem recebe se sentir devedor!
Então cabe uma ultima questão para esta oportunidade . Como fica é dando que se recebe tão mal utilizado nos dias de hoje! O autor da frase, a partir de ensinamentos bíblicos postulou o conceito de uma recíproca divina para toda a boa ação feita por alguem para com o outro , seu próximo. Outras crenças tambem postulam que o bem atrai o bem. Fazer o bem cria um campo de atração para coisas boas que reultam tambem em algum bem para que pratica o bem de forma natural e permanente.
Todo o conceito de amor para com o próximo se reveste da possibilidade de criãção de um campo de amor no entorno das pessoas e entre elas o Criador que emana este amor.
Na fé cristã houve tempos de muito sacrifício , causas de martires que ao fazer o bem e dar algo ao outro receberam perseguição , incompreensão, mas a perspectiva de recebr algo em troca em uma dimensão futura e eterna permitiu que estas dificuldades e sofrimentos fossem superados e vencidos pela fé e pela esperança.
Tempos bicudos os nossos . Nossa fé e esperança nos fazem menos doadores e tambem piores recebedores . Se recebemos ficamos em dívida e se damos queremos algo em troca aqui e agora.
É melhor dar do que receber porque a essência de dar está ligada a um recebimento intangível no prazo de nossa vivência exceto se desta consciência advir o bem estar e a satisfação de estar fazendo o bem, na certeza da aprovação do seu eu interior e do seu Deus e isto te bastar !
Enquanto isso quem recebe seja grato, expresse a gratidão. Não permita que seu constrangimento impeça a gratidão ao próximo que te socorreu ou atendeu em necessidade real. Não se satisfaça com a visão míope de que o outro é mero instrumento do seu Deus. Ele pode ter sido mobilizado por ação do espírito mas tem o livre arbítrio de fazer ou não fazer , e se ao fazer sentiu que era ato de amor merece o seu reconhecimento e gratidão também. No mínimo seu Deus vai ver que você recebeu tambem como ato de amor e seu próximo vai sentir-se melhor por ter sido reconhecido por você .
Que seja tão bom dar quanto receber ! Assim seja !