O verdadeiro desafio da Indústria no Brasil II
Muito se fala em desindustrialização e como grande argumento deste fenômeno utiliza-se da leitura de crescimento do PIB subdividido entre Industrial, Agricultura e Serviços. Primeira grande falha da análise.
A participação relativa da Indústria no PIB mundial tem caído na medida em que crescem mais do que a indústria os segmentos de serviços e agricultura.
A tendência de maior crescimento nos setores de serviços e agricultura, desde o final dos anos 80 já é uma realidade em todo o mundo ocidental e a única exceção foi a Ásia que recebeu a indústria de manufatura exportada dos Estados Unidos em busca de custos de mão de obra mais baixos.
Por outro lado o crescimento de serviços e da agricultura é um fato incontestável e não demérito da gestão da economia mas consequência natural dos limites de produtividade da indústria de transformação frente ao aumento significativo dos custos de mão de obra aliados aos crescentes esforços de ganho de escala de produção da consolidação das industrias mais importantes através dos também crescentes eventos de M&A.
Este tema tem me incomodado sobremaneira porque as discussões sobre o mesmo na mídia tem mantido um viés do conhecimento convencional que não entendo a quem possa interessar.
Tudo bem, com as reduções de IPI sobre automotivos entendo, um pouco da importância dos lobbies de um segmento industrial.
Quando olho o Brasil praticamente no pleno emprego, com taxas de desemprego abaixo de 6%%, penso:
1.como pode, se o CNI publica utilização de capacidade de produção ainda acima de 75 % o que por si só é uma aberração quando a indústria total brasileira para tal índice trabalharia mais de 2 turnos o que na média não é verdade ?
2. Como pode , se o BC abaixa a taxa de juros mas o investimento na produção não vem mas somente mais endividamento da população via consumo ?
3. Como pode se o PIB cresce em 2012 semente algo ao redor de 1,8 % e se projeta para 2013 algo como 4 % ?
Pode com inflação , com maior endividamento do governo que não se importa mais com o equilíbrio fiscal , com um PAC atrás do outro que só existe no papel e na prática sabemos que só temos atrasos e falta de investimentos de fato . Pode com uma população aposentada endividada, uma parcela razoável da MOD na indústria com mais de 40% do seu salário atrelado a pagamento de dívidas contraídas com promessas de benesses de governo,.
Pode também quando sabemos que o BC está perdendo sua autonomia tão difícil de conquistar nos últimos 20 anos para dar vazão a uma fantasia orquestrada por um ministério da fazenda que especula tanto quanto os ideólogos do partido da posição.
Pode também, e infelizmente, quando as vozes do empresariado brasileiro, a começar da FIESP, altar da indústria Paulista e Brasileira conseguem manter o mesmo discurso anacrônico de décadas a despeito de todas as mudanças pelas quais a Nação já passou.
Não existe uma desindustrialização no Brasil diferente do que existe no mundo ocidental há mais de 30 anos.
Não existe um cenário mais favorável do que o atual para crescimento maior relativo do agronegócio no seguimento do que já se verifica há mais de 2 décadas n setor de serviços.
Aliás, cabe lembrar que a medição do PIB como setor de serviços mais reconhecido tem menos de 15 anos.
Cabe também salientar que na cadeia de valor do agronegócio além da medição de seu PIB pela produção de alimentos e produtos agrícolas primários e secundários devemos medir a indústria que beneficia a produção agrícola o que deveria ser levado em conta no PIB industrial medido hoje!
Ou seja, vamos tentar ao menos questionar o conhecimento convencional multiplicado pela mídia, alguns gurus e pela academia , inclusive e infelizmente, para que a verdadeira opinião pública possa prevalecer e ser de fato representativa do que seja a definição da mesma . Ou seja, a opinião de cidadãos brasileiros genuinamente interessados, minimamente estudiosos e analistas dos fatos relatados e com opinião que representa o livre exercício de análise de ados e fatos conforme uma imprensa livre os publique. Mas que não sejam meros papagaios de analistas superficiais que preenchem infelizmente as páginas de nossos periódicos.
Aqui uma homenagem e um reconhecimento aos analistas isentos, independentes e sem medo de opinar que ainda subsistem apesar da pressão do sistema autocrático e inquisidor do partido governista atuais.
Boa sorte aos brasileiros que podem e devem construir a verdadeira opinião pública.