“O homem político é também ator, na boa e grande acepção desta palavra; ocupa um teatro, o teatro dos serviços públicos, das assembleias parlamentares, dos altos postos de governo, na situação eminente em que a vida exterior do homem se acha exposta aos olhos dos seus concidadãos.”
Rui Barbosa
O pensamento correto, de Rui Barbosa, não agrada, pois não deveria ser assim, mas de certa forma muitas linhas de RH entendem que existem mascaras que cada indivíduo usa enquanto no ambiente de trabalho ( conceito de persona). Seja no esforço de adaptação e sobrevivência, seja por ser politicamente correto , seja por ser imposto um determinado protocolo de comportamentos esperados conforme posição, função.
Em geral se perde transparência, sinceridade, objetividade e porque não dizer honestidade. Daí surgem os conflitos de valores, estresse, crises de carreiras, recalques sobre traumas gerados pelo confronto direto ou indireto, com o status quo do coletivo (pares, subordinados e relações diagonais) e mais ainda no vertical com superior direto.
O esforço de adaptação cria gradualmente as somatizações características de cada um no médio e longo prazo e deixa sequelas tanto no corpo e seu metabolismo quanto na psique pelos traumas a serem depois trabalhados com esforço e suporte, se o objetivo for recuperar equilíbrio com qualidade de vida.
Interessante que a percepção do Rui Barbosa demonstra que o ambiente da política nas empresas em geral, onde o poder é disputado em sistemas mais funcionais ou mais participativos, ainda trás nos dias de hoje influência cultural dos modelos coloniais de governo e gestão pública.
Minhas observações ficam no âmbito da política como base da expressão e evolução das relações humanas na busca de convívio sadia e negociação permanente de espaços, liberdades e poderes de influência ainda dentro de um conceito aceitável e ético. Não vou abordar a “politicagem” que infelizmente graça e infesta os ambientes públicos e privados também. (haveria que considerar também outros “atributos” da natureza humana que não caberiam neste contexto).
Marcos C Ribeiro
PS: 1. Em algum momento do final de 2010, antes deste blog existir, mas era já um aquecimento !
2. O texto foi um resgate de alguns anos, mas me pareceu muito atual, além do primeiro comentário que posto em homenagem a um grande amigo de deliciosas discussões. Saudades de Esdras Costa.
Marcos C. Ribeiro
31/05/2016 at 19:36
Este comentário è minha homenagem ao saudoso amigo Esdras Borges Costa de tantas deliciosas discussões sobre todos os temas possíveis e imagináveis.
Obrigado pelas ideias. Não tenho a prática que V. tem, mas dá para seguir o que o seu texto diz sobre a política interna da empresa. Porem, quando V. amplia e fala sobre a sociedade e a política pública, sinto falta de alguma concepção do Estado e da máquina de governo como algo central nessa política. Sinto que há uma incompreensão mútua entre o mundo da empresa e o mundo do Estado, inclusive as ideias e sua autoimagem – de um e de outro. E o “mundo” da “sociedade”, em que Você e eu estamos procurando serem pessoas e famílias livres e éticas, cometendo o menor número de erros que for possível, se aperta entre os outros dois gigantes e é por eles dominado e/ou desconversado. A sociedade é (para mim) algo diverso do Estado (e governo) e da empresa, os dois com seu grande poder social e econômico.
Continuo a agradecer por seu texto, que me estimula a pensar. Mas sinto que o Estado concreto e a sociedade em sua amplitude, são apenas subsidiários no seu argumento.
E lembro Paul Ricoeur que, além de grande filósofo, era Protestante de nossa tradição, herdeiro convicto da Reforma. Pensava ele que cada texto é o criador de seu próprio “mundo”; por isso, digo eu, a troca de textos é um diálogo de “mundos”, portados por pessoas. Creio que Você e eu temos estado nesse diálogo desde aquela festa junina da IPBut (Igreja Presbiteriana do Butantã) . Vamos em frente.
Grande abraço. Bom Natal para V. e seus queridos.
Esdras