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O modelo de Gestão Anglo-saxônico pragmático seus pontos positivos e negativos.

Comecei este post em 2012 e por alguma razão não encontrei o rascunho mas somente o que postei no LinkedIn em 27 de novembro de 2015 . Por isso resgatei o post do LinkedIn para depois seguir com mais reflexões sobre os modelos de gestão e como a gestão de pessoas vive e sofre neste meio complexo e estressante.

Este é o nome que encontrei como o mais apropriado para denominar o modelo de gestão de pessoas que ainda impera na maioria das empresas no ocidente americano e como sempre bastante copiado aqui no Brasil.
Me surpreendeu o caderno especial do Jornal O Valor em agosto de 2013,  dedicando o espaço grande e significativo para este tema. O tema já voltou varias vezes desde então , e no mesmo tom !

O modelo consiste basicamente em um grupo de três mandamentos clássicos : “Make your numbers” ; “No Escuses”;” No Surprises” !  Sua grande motivação é o sistema financeiro global puxando os valores de ações em Bolsas de valores para resultados crescentes a cada trimestre e estabilidade de resultados a despeito de variáveis e dinâmicas de ambientes externos à empresa e mesmo aos negócios ! Acaba-se caindo no resultado financeiro a qualquer custo e por qualquer meio seja para meritocracias exageradas , seja para mera sobrevivência do executivo desde o nível “C” até o auxiliar de produção !
O modelo Europeu tem suas diferenças mas nem tanto. O modelo Francês carrega um viés socializante que amarra o país com seus encargos e suas regras que fazem o impasse da dedicação e comprometimento versus a quase estabilidade garantida pela legislação . A Espanha é terrível mas hoje carrega novamente níveis de desemprego do século passado quando ainda não estava inserida na comunidade.
O Brasil viveu até 2013 o pleno emprego teórico e apagão de mão de obra que muitos ainda tentam negar , seja pela taxa de desemprego seja pela falta de qualificação decrescente e anacrônica. Hoje não podemos mais dizer que existe o pleno emprego, mas é certo que os melhores colaboradores de cada empresa permanece trabalhando e a oferta maior não implica em melhoria de qualidade de pessoas no que tange a competências, experiências e habilidades.
A visão de processo BPMs da vida etc… implica em um bom equilíbrio entre materiais ( informação no caso é material na área de serviços ) , equipamentos ( aqui a qualidade , capabilidade , produtividade intrínseca e fundamentalmente a manutenção da capacidade e da capabilidade sempre negligenciada ! ) e por fim o Ser Humano . As pessoas ! Talentos que queremos encontrar, atrair e depois reter . Talentos no sentido de um nome melhor que recurso ou capital. Talento como seres humanos normais e dentro da normalidade. Não precisa ser ponto fora da curva.
Bem , este é o primeiro post de uma série que pretendo aprofundar .

Bom proveito !
Marcos

PS: este resgate tem a motivação da triste notícia da autofalência da RRDonnelley no Brasil esta semana e com o trato aos seus colaboradores infelizmente confirmando o modelo mais uma vez.

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Publicado por em 05/04/2019 em Administração, Contexto, Geral

 

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O Homem Político – A troca de textos é um diálogo de “mundos”

“O homem político é também ator, na boa e grande acepção desta palavra; ocupa um teatro, o teatro dos serviços públicos, das assembleias parlamentares, dos altos postos de governo, na situação eminente em que a vida exterior do homem se acha exposta aos olhos dos seus concidadãos.”

Rui Barbosa

 

O pensamento correto, de Rui Barbosa, não agrada, pois não deveria ser assim, mas de certa forma muitas linhas de RH entendem que existem mascaras que cada indivíduo usa enquanto no ambiente de trabalho ( conceito de persona). Seja no esforço de adaptação e sobrevivência, seja por ser politicamente correto , seja por ser imposto um determinado protocolo de comportamentos esperados conforme posição, função.

Em geral se perde transparência, sinceridade, objetividade e porque não dizer honestidade. Daí surgem os conflitos de valores, estresse, crises de carreiras, recalques sobre traumas gerados pelo confronto direto ou indireto, com o status quo do coletivo (pares, subordinados e relações diagonais) e mais ainda no vertical com superior direto.

O esforço de adaptação cria gradualmente as somatizações características de cada um no médio e longo prazo e deixa sequelas tanto no corpo e seu metabolismo quanto na psique pelos traumas a serem depois trabalhados com esforço e suporte, se o objetivo for recuperar equilíbrio com qualidade de vida.

Interessante que a percepção do Rui Barbosa demonstra que o ambiente da política nas empresas em geral, onde o poder é disputado em sistemas mais funcionais ou mais participativos, ainda trás nos dias de hoje influência cultural dos modelos coloniais de governo e gestão pública.

Minhas observações ficam no âmbito da política como base da expressão e evolução das relações humanas na busca de convívio sadia e negociação permanente de espaços, liberdades e poderes de influência ainda dentro de um conceito aceitável e ético. Não vou abordar a “politicagem” que infelizmente graça e infesta os ambientes públicos e privados também.              (haveria que considerar também outros “atributos” da natureza humana que não caberiam neste contexto).

 

Marcos C Ribeiro

PS: 1. Em algum momento do final de 2010, antes deste blog existir, mas era já um aquecimento !

2. O texto foi um resgate de alguns anos, mas me pareceu muito atual, além do primeiro comentário que posto em homenagem a um grande amigo de deliciosas discussões. Saudades de Esdras Costa.

 
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Publicado por em 31/05/2016 em Administração, Filosofia

 

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Minha Experiência com Estresse !

Texto publicado também como newsletter do site http://www.carpsi.com.br , em uma série de análise sobre o tema com vários autores e coautores.

 

Fui executivo por mais de 35 anos e na maior parte do tempo em empresas multinacionais americanas. Minha carreira pode ser considerada de sucesso uma vez que na média, a cada 2 anos eu recebia convite para novas funções e responsabilidades , promoções laterais , diagonais e verticais e que culminou com a função de CEO da subsidiária brasileira de uma das empresas , a mesma onde permaneci por mais tempo e que o cargo de Presidente foi também o cargo onde permaneci por mais tempo.

Tudo isso tem seu lado muito bom de realização profissional, sustentabilidade econômico financeira da vida e da família, muitas histórias para contar. Mas tudo isso também tem e teve, no meu caso, um custo razoável.

O estresse em níveis normais é inerente do ser humano e de certa forma é parte de nosso comportamento programado, para sobrevivência. Nível de prontidão, respostas às ameaças, reação positiva ao estado de medo etc….

Na vida executiva há quem acredite que um nível de estresse elava a produtividade do profissional.

Talvez seja verdade.

O problema é que o sistema de gestão de pessoas, estabelecimento de metas e cobrança destas metas, sempre crescentes, leva os profissionais, em geral, a um nível muito elevado de estresse , de forma permanente . Isso é , o nível de adrenalina no organismo vive acima da média . O Cortisol entra em cena para nivelar as coisas e também vive em porções elevadas neste mesmo organismo. Tudo se desequilibra. Enquanto o organismo tenta se reequilibrar suas energias são devotadas aos desafios e conflitos que o modelo impõe. Logo o cérebro é ocupado e treinado para reagir ao desequilíbrio e manter o estado de prontidão e de coragem.

Neste momento não há pratica de atividade física que resolva . Ameniza mas não resolve . Não há Lexotan ou Rivotril  que resolva . É bem complicado.

Os sintomas de estresse crescente vem em geral , ou pelo menos no meu caso ,  de aumento da disposição para horas adicionais de trabalho, ritmo acelerado de raciocínio e estudos para solução de problemas ,  tempos adicionais dedicados às pessoas da equipe , de modo a manter a motivação elevada , espírito de equipe forte, e portanto performance e entregas também de acordo com o planejado.

O tempo é disciplinado para o trabalho e para os projetos . O tempo é indisciplinado para a vida pessoal e familiar.

A alimentação perde a disciplina , em  termos de horários , quantidades e mesmo na composição mais ou menos saudável.

O sono pode sofrer na qualidade , pois na quantidade é certo que sofre.

Em breve o organismo de cada um reage de sua própria forma.

No meu caso as descargas de adrenalina involuntárias vieram cada vez maiores e mais frequentes , sempre abdominais , portanto sem a taquicardia muito comum para muitos.

Em seguida as descargas de adrenalina passaram a ocorrer justamente no momento de relaxamento para dormir , já deitado e em fase de buscar o sono. Neste momento um fenômeno adicional veio . Eram os formigamentos  no do lado esquerdo do corpo desde a face até o pé . Nem preciso dizer que esta sensação te faz pensar no pior . Fui até a Cintilografia com esforço para saber que não era cardiopatia !

Na evolução do quadro a pior sensação viria em seguida . Na hora em que eu estava quase dormindo , portanto com as ondas cerebrais provavelmente em Alpha , a sensação de que eu sairia do meu corpo , pela cabeça , só aumentava a adrenalina e a sensação de medo , do desconhecido. Alguém me falou para deixar sair que eu voltaria. Não consegui. Era começar a sair pela cabeça e eu acordava e me sentava na cama . Pode imaginar o sono reparador quando vinha ? só depois de passar estes efeitos !

Alguns tem no pico do estresse o chamado Burnout . Mas outros seguem como a hipertensão  , é invisível no começo até que vem para balançar as estruturas.

Acho que Estresse normal realmente é bom e saudável mas passar do ponto não é recomendável para ninguém . Se ele vem de ansiedade , trauma , medos ou ameaças , só é importante salientar . Trabalhar fazendo o que te realiza e que gosta , até 14 ou 16 horas por dia não gera Estresse . Quem gera estresse são componentes do sistema de gestão e do clima da organização e por vezes a cultura. Outro ponto gerador de estresse feroz é o conflito de valores entre você e a empresa ou você e seu chefe . Evite isso !

 

Marcos da Cunha Ribeiro

 
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Publicado por em 21/08/2015 em Administração, Geral, Pessoal

 

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Liderança e o desafio da Credibilidade e Confiança .

Comecei este artigo há uns 15 dias e coincidentemente ao estar revendo e finalizando o mesmo, eis que me deparo com preocupações semelhantes em vários pontos de nossa sociedade.

Em inglês uma posição muito forte para qualquer formação de cultura, gerenciamento de pessoas pelo exemplo, entre outros me remete a frase “Walk the talk !”

No nosso Brasil tropical sempre usamos ditados e provérbios, digamos enviesados. Certamente este viés é forte e preponderante em formar nossa cultura como sociedade e, portanto em nossas instituições , seja de governo de nação , estado ou município,  mas certamente no âmbito de núcleos sociais como comunidades de toda natureza , inclusive as religiosas , eclesiásticas ! “ Faça o que eu falo mas não faça o que eu faço !”  Lembram ?

Sempre me lembro nestas horas de importantes ensinamentos de nossa amiga Ethel B. Medeiros

Quando dizia que consistência é a coerência prolongada! Oras o que é coerência senão ações que comprovem e confirmem afirmações e posições tomadas? Consistência é Walk the Talk!!!

Se falamos de Gerenciamento pelo Exemplo , estamos falando do “ Walk the talk “!

Pois bem, não bastasse isso encontro em recente artigo de Alberto Carlos Almeida  ( Jornal O Valor ) uma colocação que me provocou , digamos , uma indignação com o status quo! (a discussão era da situação política do Brasil e fazia uma comparação entre condições e posição de Nixon nos anos 70 nos USA e Dilma nos anos 20XX no Brasil! ) : “Credibilidade, assim como confiança, é um ativo que cresce à medida que é utilizado!”  E diz ainda , em contexto de discussão política: “ Como Nixon nos ensina,  credibilidade não usada é credibilidade perdida !”

Diz o texto de Alberto Carlos Almeida:

“Na realidade o problema começa quando a população não entende os porquês da dificuldade ( dificuldades do ano 2015 !) , e acima de tudo , quando não vê o governo se empenhando para que as coisas mudem para melhor .”  e em seguida coloca o exemplo do pai que ficou desempregado e pede para a família reduzir gastos e temporariamente corta o curso de inglês dos filhos , mas que vai a luta , faz o Curriculum e diariamente mostra o empenho em buscar nova oportunidade de trabalho . Vai conseguir, mas o exemplo dado foi coerente com a solicitação de cortes de gastos e até investimentos da família. Todos vão apoiá-lo e dar-lhe suporte.

Para complicar um pouco mais nossas elaborações lembro que relacionamento é algo que acontece quando existe Comunicação e Confiança!  Confiança é derivada direta de credibilidade. Portanto relacionamento também é resultado da combinação positiva de comunicação e credibilidade. Este tema foi um trabalho de Jean Bartoli com ingredientes de Anna Arendt e que no final apela a possibilidade do perdão para o resgate do relacionamento quando confiança ( e credibilidade ) e comunicação falham por nossas fragilidades humanas.

O que acontece hoje no Brasil é isso tudo que acabo de dizer acima. Mas o foco desta reflexão não é só para o Brasil que sempre ocupa posição preponderante em nossas  preocupações , como se o Brasil fosse algo que , além e fora de nossa controle pessoal , interfere e influencia definitivamente nossas vidas ! (e em parte é isso mesmo que acontece!).

Mas veja por outro lado, desde os anos 80 passei  a observar e verificar que nossa economia formal e privada, nossa sociedade enquanto não pasteurizada e controlada por alguma força ideológica de qualquer vertente, sempre foi mais forte, superou e sobreviveu a todos os descasos e desmandos dos contextos vigentes. Desde a proclamação da república, mas de forma consistente, crescente e permanente cada vez mais firme, na passagem da ditadura Vargas, governos claudicantes, ditadura Militar e agora a pseudo-ditadura de esquerda, quase bolivariana que vivemos e nela imergimos.

Para fechar a reflexão meu desafio é de justamente colocar neste contexto amargo e temporariamente depressivo (até na economia!) e colocar em questão: Onde está a credibilidade de nossos líderes empresariais? Onde está o walk the talk destes líderes de empresas que comandam a economia real, que é a única que pode gerar riqueza para ser dividida na sociedade? Onde estão os líderes empresariais que se encastelam em associações e grupos, mas que nos momentos mais críticos ou se omitem ou esperam benesses de governos em decisões questionáveis de desonerações protegidas?

Em excelente artigo recente, Luiz Bersou coloca a necessidade de um pacto social para enfrentamento da crise atual por que passamos tanto política, quanto econômica.

Assim colocou Luiz Bersou na conclusão de seu artigo:

Questão fundamental que não está sendo percebida. Momentos de crise são também momentos de grandes ganhos ou perdas em credibilidade. Credibilidade é a mola de mobilização social. Fala-se em diálogos. Estão soltos por aí.

Diálogos soltos não levam a nada. A base para a capacidade de mobilização precisa ser o Pacto Social que traga para os líderes a condição de construir em conjunto.

Nesse momento em que o governo se mobiliza para salvar a si próprio, não quer cortar na própria carne, está abrindo mão de Pactos Sociais que não o interessam. Precisamos então de líderes empresariais e homens públicos que exijam a elaboração de Pactos Sociais que interessam principalmente à nação e que vão acabar salvando o governo que sobrar.”

Pois bem, lendo e relendo jornais e revistas recentes, consultando colegas que trabalham em Associações de classe empresarial vejo com preocupação que nosso empresariado em geral não só está na defensiva em relação a investimentos como também, como quase sempre nos últimos 30 anos, em posição não de protagonistas de propostas de Pactos Sociais como acima, de fazer acontecer como costumam cobrar de seus gerentes e diretores na empresa. Ao invés disso, estão  como sempre assistindo as coisas acontecerem e esperando que aconteçam como eles desejam . Poucos são exceção, e até estes tem estado em estado de observação.

Acredito que o problema do Brasil, das empresas, das associações e comunidades é anacrônico e sem solução de curto prazo. Precisamos de bons líderes e eles estão em falta!!

Marcos C Ribeiro

 
 

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